deixavam-me na alma um amargo ressaibo de melancolia insolúvel. Atribuía isso, então, ao fato de nunca ter sido, em nenhum tempo de minha vida, completamente feliz. Essa tristeza era como que, não a saudade, mas a desconsolação de quem entreviu, compreendeu e sentiu a ventura natural do viver inteiro e completo, sem nunca poder atingi-la sem nunca lograr desfrutá-la; e que, depois, já na velhice, se acha afinal sem esperanças de gozá-la ainda algum dia, nesta, ou noutra qualquer existência. Era o flébil ressentimento de um pobre coração espoliado e vencido.
E já agora confesso tudo: cheguei a ter uma incogitável ponta de inveja por minha filha... Mas não invejava a noiva, invejava a felicidade de mulher que a esperava, feita e preparada por mim. Ah! eu não tivera mãe, como ela me possuía!...
Entretanto, não me fartava de contemplá-la, embevecida de amor materno; e não me cansava de rever-me na sua paradisíaca ventura, achando-a mais feliz com seu amado, neste paraíso, do que no outro extinto os primitivos amantes, que esses, ai deles! só chegaram a conhecer o amor pelo prisma da