Não se supunha que, por ser material a vida do comércio, sejam materialistas os negociantes e sejam incapazes das ilusões do amor. Não! o fato justamente do positivismo forçado da sua profissão, leva-os, por uma simples lei de contrastes, a buscar nas coisas idealizáveis o necessário repouso do pensamento. Os artistas, os filósofos e os poetas, esses sim, é que, fazendo do ideal matéria de trabalho e cabedal de ofício, precisam ser materialistas nas horas de descanso.

O poeta, quanto mais sublime e elevado for na sua obra, tanto mais prosaico e terrestre será na vida privada; ao passo que o burguês do comércio depois de deixar o estúpido serviço, começa a viver para a fantasia e para o coração.

O poeta sonha quando trabalha e animaliza-se para descansar. O comerciante trabalha como animal e repousa com o sonho. Aquele precisa deixar folgar o cérebro com a vida do corpo, e o outro dá folga ao corpo com a vida do pensamento.

É por isso que todo homem de vida material detesta, em questões de arte, o naturalismo e a verdade, encontre-os na estatuária,