amores na confirmação das pazes, deixavam-nos humilhados e corridos de vergonha; e este fato, só por si, a deprimente certeza da nossa ignomínia, era já um novo rastilho pronto e aceso para uma nova explosão de cólera.

Afinal, o contato, ou a só presença de qualquer dos dois, tinham-se tornado absolutamente insuportáveis para o outro. Às vezes, sem razão, não podia demorar a vista sobre meu marido: irritavam-me nervosamente os seus gestos mais simples e naturais. Uma ocasião, em que o contemplei pelas costas, assentado à sua mesa de trabalho, todo embebido no que estava fazendo, com a cabeça baixa, um gorro de seda preta, os ombros envolvidos num xale que lhe escondia o pescoço, desejei-lhe a morte, e tive de fugir dali para não disparatar com ele.

Mas por quê? por que razão eu, que sem dúvida estimava e compreendia meu marido, não podia às vezes suportá-lo?... por que razão ele, que me amava, não pôde continuar a viver junto de mim?

Por quê?

Eis o difícil de explicar, e eis do que,