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com a umidade da noite, as escovas da maior parte das armas haviam esfriado e muitas destas mentiram fogo. Não se viu depois senão um torvelinho medonho e indescritível. Os cavaleiros caíram sobre a tropa, e a patas de cavalo, começaram a atropelar os que não lhe davam passagem. Braga, que descalvagara momentos antes de falar com Cosme Bezerra, não teve tempo de tomar o seu animal. Jerônimo Paes, porém, homem de lutas desabridas e de valentia, tivera tempo de saltar sobe a sua cavalgadura, e com a espada investia, em defesa dos que formavam um círculo à roda dos presos, como possesso do gênio do mal.

Esta luta durou poucos momentos, porque um dos assaltantes correu acesso em valor, ao círculo, e expondo-se a dezenas de golpes, pode romper o cordão, e chegar até aos prisioneiros.

És tu, Lourenço, és tu, Lourenço! clamaram os nobres admirados de tanta bravura, e satisfeitos com a nova face que a sua sorte apresentava, um momento depois de ter para eles uma das mais feias carrancas.

— Sou eu mesmo, seu Cosme. Em poucos instantes, seu Cosme, havemos de mostrar a estes safados mascates para quanto prestam os pernambucanos.

O facão de Lourenço cortava já os últimos nós da corda passada à roda dos braços de Cosme, quando