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uma pranchada vigorosa fez o rapaz sobressaltar. Com este novo estímulo, o homem mudou-se em fera. Perdida a sensibilidade que o momento exigia, deixou a obra de salvação em mais de meio, e voltou-se para investir contra o seu ofensor. Inexperiência da idade que frustrou a grande obra quase terminada.

O ofensor era Jerônimo Paes. A sua coragem, se fosse ajudada de força tão extensa como ela, seria, talvez, digna de competir com a de Lourenço; mas só este, de todos os que ali estavam, trazia os dois tesouros reunidos. Descarregar um golpe sobre Jerônimo foi o mesmo que prostrá-lo; mas quando ia acabar com este inimigo, teve que volver a sua atenção para outro ponto, donde um da tropa dissera aos camaradas:

— Não esmoreçam, minha gente, que ali vem o Tunda-Cumbe.

João da Mota, receando que os nobres que andavam foragidos pelos matos se reunissem e tentassem tomar os presos trazidos do norte, dera a ordem para que Tnda-Cumbe, que já voltara do Recife, onde deixara os outros presos, fosse reforçar com gente fresca e descansada a que trazia tantos dias de jornada passando rios cheios, fomes e outras inclemências naturais da longa digressão pelo sertão. E porque tinha recebido informação do Coronel Braga sobre a hora da entrada na vila, muito cedinho fizera partir o Manuel Gonçalves com trinta homens do seu séquito.