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Compreendeu Lourenço que a mulher era dali mesmo das vizinhanças, e viera ajudar a moradora no serviço da caçula. E como levantara a cabeça, deram seus olhos com a suave claridade no alpendre. Era produzida por um fogo que havia sido feito não muito distante da rede onde ele estava.

Esta fineza com que ele não contara, deu-lhe grande satisfação.

— Boa gente é a desta casa, disse, levantando-se para atiçar o fogo, e ver o cavalo que, com os latidos do cão, se afastara um pouco da gameleira. Pois não me pareceu assim, quando cheguei logo.

Fizera-se uma estiada, o que permitiu a Lourenço ir sem repugnância até o lugar onde estava o cavalo, que ele tocou para junto do alpendre.

Já ia sentar-se novamente na rede, a fim de retomar o sono do ponto em que fora interrompido, quando enxergou, à claridade do fogo, um vulto que se encaminhava para o seu lado. Era a dona da casinha. Mostrava-se cautelosa, olhando para um lado e para o outro.

Quando não faltavam senão alguns passos, Lourenço quis levantar-se; mas antes que se pusesse de pé, a rapariga estava sentada com ele na rede, apertava-o entre os braços com frenesi de alucinada.

— Lourenço, Lourenço, você não me conhece? perguntou ela em voz baixa.

— Estou reconhecendo a sua voz disse o rapaz, tomando