Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/121

posição conveniente para ver o rosto da rapariga.

— Sou Bernardina, disse ela.

— Bernardina! Bernardina! exclamou Lourenço.

Então, afirmando a vista, reconheceu, de feito, com indescritível prazer, a filha de Vitorino que fora raptada por Tunda-Cumbe, por ocasião do ataque contra o engenho.

Bernardina não parecia a mesma que estivera de tarde na caçula, com a outra mulher. Substituíra a saia caseira por um vestido de chita impregnado dos cheiros do coradouro campestre. Entre os cabelos anelados, que o pente alisara momentos antes, um galhinho de alecrim recendia suavíssimo aroma. As faces estavam animadas de irradiação rósea; os braços e as espáduas acusavam recente ablução.

Ninguém diria, em presença daquele asseio modesto, único talvez ao alcance da pobre, ninguém diria que o suor do trabalho umedecera, algumas horas atrás, pele tão fresca e limpa. O que à primeira vista se adivinhava, era que a galante cachopa havia posto particular cuidado em aparecer sem vexame ao seu camarada da meninice.

— Meu Deus! continuou ele. Como são as coisas! Quem havia de dizer que eu teria hoje este encontro? Eu bem ouvi cantar, um pouco antes de chegar a este lugar, um pitiguari no olho de um catolé.

— É verdade - disse ela. Eu reconheci você, logo