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— Negro, eu te direi já com quem é que estás metido.

Firmando-se nas cordas da cangalha em que se estribava, Lourenço deu um salto para agarrar Pedro de Lima, e com a mão procurou tomar-lhe o bacamarte. A esse tempo um tiro soou, e o cardão, em que se empregara toda a carga da arma do bandido, rolou por terra em sangue, estrebuchando.

Imediatamente Lourenço voltou-se, temendo que debaixo do cavalo agonizante ficasse Bernardina. Pode ver então que um dos companheiros de Pedro de Lima tinha agarrado a rapariga pelos braços, e afastava-a do lugar da luta com quem queria pô-la a salvo de qualquer golpe perdido.

Quando encarou novamente Pedro de Lima, estava este desmontado, e tinha uma espada de ponta direita na mão. O bacamarte descarregado pedia-lhe a tiracolo, pela correia. A seu lado estava também armado com uma catana Manoel Hilário, mameluco reforçado, cuja cara por si só era uma provocação de meter medo. Ambos os malfeitores caíram imediatamente sobre o rapaz decididos a fazê-lo em postas.

Pedro de Lima não era fraco, Manoel Hilário era assassino de profissão. Lourenço era a coragem e a força no mais alto grau. À vista dos outros, poder-se-ia dizer dele que era uma criança. As suas feições corretas e finas, a cor branca que mais parecia indicar sentimento de paz e índole branda, a juventude, fase