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sem os quais dentro em pouco tempo cairia o Recife em poder dos nobres. Mas aquela impressão desvaneceu-se, e as facilidades cessaram com a vitória de Ipojuca, e o assédio da fortaleza de Tamandaré, que tanto ilustraram o já ilustre ajudante de tenente Francisco Gil Ribeiro. Félix José Machado, que trazia a intenção reservada de tomar o partido dos mascates, não pôde sustentar a máscara de imparcialidade senão nos primeiros dias: e em vez de compor os discordes, afastar os motivos da contenda, realizar, numa palavra, a obra do congraçamento, entendeu em mostrar-se forte para com os nobres em que o cansaço não pudera ainda gerar a fraqueza, nem os grandes gastos e prejuízos o receio de cair em penúria.

Não satisfeito com a restauração do pelourinho, ordenou ao novo ouvidor João Marques Bacalhau, que com ele viera, que instituísse a devassa sobre o primeiro levante, sem embargo de perdão; e nesta devassa atropelaram tão parcialmente os princípios da justiça, que dezenove dos principais nobres de Olinda, pronunciados em segredo, foram mandados prender pelo governador, em 17 de fevereiro de 1712. De alguns, como do sargento-mor Leonardo Bezerra e do alferes André Vieira de Mello, verificou-se a prisão por ocasião de saírem do próprio palácio do governador. As prisões continuaram. O capitão André Dias de Figueiredo, depois de passar quase uma semana dentro de uma mina, no convento dos jesuítas, em Olinda, teve de ser ali