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mas... Enfim, v. exa. sabe o melhor. O que todos nós sabemos e estamos vendo é que o pior de tudo chegou para nós quando não sem fundamento pelo melhor esperávamos. Aí está o perdão, e a não querer v. exa. fazer que o não recebeu, a fim de irmos por diante na devassa, carregando mais a mão sobre quem não tem tido a sua leva para nós, não sei como poderemos sair com vida de Pernambuco.

Félix José Machado levantou-se, deu alguns passos pela sala, e voltou a ocupar o lugar e a posição de há pouco. Ao cabo de um momento, disse com voz em que vibrava mistura de pesar e despeito:

— E posso eu ocultar o perdão?

— E por que não, sr. governador? perguntaram ao mesmo tempo o Cutia, o Bacalhau e João da Costa, que pareciam estar de antemão combinados em indicar a Machado este indigno e criminoso procedimento. Não se fez o mesmo da outra vez? continuou o sindicante com o calor a que o autorizava a fria e como hesitante pergunta do governador.

— Quereis referir-vos... disse ele.

— Quero referir-me - prosseguiu o Cutia - ao perdão mandado por D. Lourenço de Almeida aos portugueses, quando se achavam cercados pelos pés-rapados. Não se ocultou o dito perdão, apesar de recebido? E não teve este procedimento por fim impedir que cessasse a guerra, porque, cessada esta, teria cessado também