com que se esquivar. Demais, Lourenço estava já um homem, e ficava com Marcelina, a quem defenderia nas horas de perigo. O matuto, conhecendo os ânimos do rapaz, e não havendo motivo de perder os proveitos, disse adeus ao Cajueiro, e partiu, o que não lhe custou pouco. Sempre que se separava da mulher, da casa, do seu mundo, sentia uma como mutilação da alma.
Marcelina, porém, não perdia por falta de quem a dirigisse, porque trazia em si o melhor senso administrativo e comercial que ainda se conheceu em mulher. Terras no engenho Bujari não lhe faltavam; e quanto a braços, tratou de aproveitar os que pôde. Nem lhe foi preciso ir muito longe, para preencher esse fim. Com a morte de Vitorino, por ocasião do assalto contra o engenho e da destruição da casa, ficariam Joaquina e Marianinha ao desamparo, se Marcelina as não chamasse para sua companhia. Outra palhoça foi feita nas proximidades da de Francisco, a aí vieram morar a mãe e a filha do morto. Marcelina disse-lhes o seu pensamento, e como eram mulheres do campo, longe de se oporem, mostraram-se deliberadas a trabalhar com vontade. Dentro de algumas semanas, lavouras graciosas cobriam uma vasta quadra de terra até aonde a vista podia alcançar. E porque tão cedo não estivesse em estado de colher-se, Lourenço, que instruído e educado na escola de Marcelina, não tinha ânimo para ver