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a espingarda, a gente não deixa de lhe pôr nova escova e fazer pontaria outra vez sobre a caça.

— Miséria, miséria sem nome! Ajustaram a minha cabeça com o governador. Venderam-me ao ouro português. Denunciaram o abrigo de cinqüenta patriotas, cinqüenta bravos, que representaram nestas matas seculares a nacionalidade brasileira. Pernambucanos degenerados, vilões ruins que lançam com esta ação infame uma mancha eterna sobre a nossa história, rica de páginas verdadeiramente imortais.

— E não poderemos ir tomar aqueles presos?

— Como? Poderíamos fazer uma surpresa, mas não empenhar-nos em luta mais séria. Falta-nos o exército; só temos comandantes. O povo não está conosco. porque o governador o não importuna, antes o chama para o seu lado, fingindo-se amigo dele. Por ora, contamos apenas com meios de defesa, e estes mesmos escassos; meios de agressão não temos nenhum; Talvez para diante possamos compor tropas regulares, que estejam no caso de fazer frente às infantarias de Félix José Machado. Mas não há razão para desanimarmos. Tenho cá um pensamento que, se for posto em prática, a vitória há de ser necessariamente nossa. Vamos ver o que diz da minha idéia o Padre Guerra.

Eram chegados ao novo pouso, que não se distinguia por nenhuma feição particular, a não ser um embastido de árvores colossais, que formavam com