nem um motejo, se ofuscava sempre e emudecia diante de mim.
— Pode-se saber onde vai, se não é segredo? Dirige-se talvez ao templo do sacrifício.
— Vou ao Paraíso.
Tão alheio andava eu deste mundo fluminense! Nem sabia que naquela noite havia um baile público.
— Ah! vais ao baile! Então não se demore; são horas.
— Estou à espera de alguém.
— Diga do Sr. Couto; já não é segredo. E agora me lembro, a minha presença aqui pode comprometê-la; eu me retiro.
— O senhor está na minha casa; não a chamo sua para não ofendê-lo.
— Ou para que não me venham tentações de ficar.
— Quem lhe impede?
— Deveras!... Seria agradável para a senhora deixar um paciente em casa contando as horas, enquanto vai ao baile exibir a sua nova conquista, e arrular pombinhos nalgum hotel de Botafogo. Na volta esse paciente pode servir para apagar o fogo que as brumas do inverno apenas sopraram. Infelizmente por mais inocente que seja esse pequeno manejo, não estou disposto a prestar-me a ele.
— Que gosto tem em me estar assim torturando! O senhor sabe que por mais cruel que seja a sua zombaria, não sei retorquir-lhe! Não quer que eu saia de casa? Basta-lhe dizer uma palavra!
— E a senhora ficaria?
— Duvida!
Com um movimento rápido, Lúcia correu a mão pelos cabelos, e o penteado desfez-se como por