— Com esforço; e entretanto quando a conheci, há um ano, já tinha feito todas as minhas provas; não creio que possas dizer o mesmo.

— Mas, se Lúcia é essa mulher esquisita, insuportável e caprichosa, ela mesma se incumbirá de curar-me.

— E se eu te disse que é essa versatilidade e inconstância de humor que a torna mais excitante! Acrescenta que Lúcia tem vontade de apaixonar-se por ti.

— Oh! essa é galante! Como fizeste semelhante descoberta ?

— Esta carta! O que é que Lúcia me pode dever daquela ceia, senão o teu conhecimento?

— Eu já a conhecia.

— De vista.

— Na frase da escritura, Sá.

— Ah!

— Estive em sua casa, quinta-feira.

— Bem: cumpri o meu dever de amigo; cumpre o teu de homem sensato. Adeus.

Voltei de tarde à casa de Lúcia; encontrei na sala uma das nossas companheiras de ceia. Lúcia vendo-me entrar, ergueu-se bruscamente.

— Desculpa, Laura, amanhã passarei por tua casa, e então conversaremos; agora não posso.

— Eu te deixo, mas acredita que não esquecerei nunca o favor que me fizeste.

— Não vale a pena. Adeus.

— Hei de lembrar-me sempre que sem ti, não teria amanhã onde dormir. É pequeno serviço?

— Não vês que me estás aborrecendo, Laura! disse Lúcia batendo o pé com impaciência.

— Está bem, não quero que te arrependas do benefício.