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ceza do Brasil viuva: o segundo Italiano de nação, que fez a planta pela qual se construio o Porto franco; e que supponho ficou com aquella que eu fiz, de que já fallei. Tambem no Ministerio do Conde de Linhares dirigio o accrescentamento que se fez na cordoaria para accommodação de tiares de lonas, e segundo ouvi foi quem fez o risco, e dirigio a construcção do palacio do Marquez de Castello Melhor, junto ao passeio publico».

Embora se não trate de construcções militares, tem interesse estas informações de um contemporaneo que assistiu ao terremoto e á reconstrucção da cidade que, segundo elle enforma, se reduzia a «hum recinto que abrangia o bairro de Alfama, bairro do Castello, Mouraria, rua nova, Rocio, bairro alto, Mocambo, Andaluz, Anjos e Remulares; toda a mais extensão que foi convertida em cidade, como campo de St.a Clara e suas visinhanças, campo de St.a Anna, Salitre, Cotovia de baixo e de cima, Boa Morte e Alcantara, apenas tinham algumas casas, aqui e acolá, á borda de caminhos que atravessavam por terras cultivadas».

É tradição, embora não a encontremos confirmada, que os arcabouços (gaiolas) de madeira, innovados para a construcção dos edificios, foram entre nós adoptados então para dar ás paredes maior flexibilidade e equilibrio, cabendo evidentemente aos engenheiros que trabalharam na obra da reedificação essa iniciativa. Ao engenheiro Carlos Mardel, que tão largo quinhão teve nesses trabalhos, sobretudo depois da morte do engenheiro Eugenio dos Santos e Carvalho[1], é attribuida essa innovação[2]; mas não ha, que nos conste, do

  1. Em alguns documentos Eugenio dos Santos de Carvalho
  2. Deste ponto, entre outros muito interessantes, tratou o nosso estimavel camarada, capitão de engenharia, Francisco Luis Pereira de Sousa numa conferencia que realizou na Associação dos