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cumento que o prove. Na importante dissertação inedita de Manuel da Maya, que adeante publicanos, relativa aos trabalhos para a reedificação de Lisboa, ha referencia a edificios de madeira e aos de pedra e cal, e se fala do «horror em q̃ não fossem de simples madeira», o que parece evidente não se referir á adopção das gaiolas de madeira para a edificação; mas ás barracas de madeira que se tinham construido. Seria dessa preferencia pelas construcções de madeira, principalmente empregadas para resistir aos embates do mar, nas praias, que teria vindo originariamente, entre nós, a ideia da armação de madeira p.a as nossas edificações, independentemente do que se passava noutros paises? E porque não? Temos geralmente tendencia para desluzirmos as nossas iniciativas proprias, querendo attribuir a sua paternidade a estrangeiros; mas em cerebros portugueses tambem germinam ideias novas, como o prova o nonio, o aerostato de Bartholomeu de Gusmão, e tantas outras. Mas tembem pode ser que fosse realmente á experiencia por Carlos Mardel adquirida na Hollanda que se devesse a innovação.

Carlos Mardel, natural da Hungria, como diz a tradição, ou de origem francesa, como suspeita o Sr. Sousa Viterbo[1], deixou o seu nome ligado

    Engenheiros Civis, e que está imprimindo, tendo tido a extrema amabilidade de nos mostrar as provas relativas a esta parte, pelo que lhe deixamos aqui os nossos agradecimentos e o nosso apreço pelo seu valioso trabalho. — É muito interessante a apreciação das razões que justificam a construcção da gaiola para a maior estabilidade dos edificios relativamente aos abalos sismicos, o que é apoiado com argumentos tirados da experiência dentro e fora do país. O titulo da obra que, desenvolvendo a sua conferencia, traz no prelo o nosso illustre camarada e distincto engenheiro é: Effeitos do terremoto de 1755 nas construcções de Lisboa.

  1. Annuario da Sociedade dos Architectos, 1908