De scintilantes lagrimas orvalha
Toda a Paisagem que parece morta...
Mas é certo que dorme um somno leve,
No seu leito doirado com lençoes
Esplendentes e alvissimos de neve,
Que são a fria e pura Virgindade
Envolvendo e escondendo um recatado
Corpo donzel de virgem...
Somno brando
De nuvem, quando o vento está parado,
Sem pesadêlo ou sonho por mais casto...
Somno que lembra a agua pura e clara
Na areia clara e pura ... e de improviso,
O sol, ferindo a sombra das folhagens,
Dir-se-ha que a bebe toda, n'um sorriso!
«Ah, como eu sei adormecer! Só eu,
E, á noite, o mar e o vento ás horas mortas,
Quando, lá fora, anda a Tristeza errante
E, como enlouquecida, bate ás portas!
Ah, como eu sei adormecer! Só eu
E o vento e o mar! ... Sou o primeiro somno!
Dormem os bosques; dorme a terra e o céu...
E esta tristeza calma das Paisagens,
É alegria que dorme ... esta penumbra
É luz adormecida ... esta aparente
Morte da Natureza, é vida viva
Dormindo ... somno leve de inocente...
E o silencio que reina, é voz dormindo...
Canções de cotovia adormecidas;
E mesmo adormecidas, vão subindo,