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Nuvens e verdes longes de Paisagem...
E a Montanha surgia á luz bemdita,
Tão límpida e tão alta em nitidez
Que era uma estatua cósmica de terra.


E do sêrro onde estava, na embriaguês
Da luz, do ar, Marános foi descendo
Pela inclinada encosta fragarosa,
Como quem vae seguindo as invisíveis
Pégadas d'uma Deusa misteriosa...
Quando, cheio de assombro, descubriu,
N'um êrmo outeiro em sonho alevantado,
Apolo que tangia a Lyra eterna,
De mirtos e de rosas coroado.
E a harmonia divina, que voava
Das cordas que a geraram, desprendida,
D'um suave crepusculo banhava
O ouvido extasiado de Marános.
Era o canto elegíaco do Outomno,
A saudade de Apolo que o prendia
Ao vulto de Eleonor que, na distancia,
Ou n'um seio de nuvem se escondia,
Ou n'um raio de luz a aparecer,
Semeava o lyrio, a rosa...


 E os êrmos montes
Sentiam sua terra florescer
N'aquela Primavera espiritual.
Sim: a vida do Espirito domina
O proprio sol; um gesto, uma palavra
O fez parar no céu ... e a luz divina

Ante o sonho dos homens, anoitece!