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Ó simpatia oculta que nos leva
A nós, que somos vida e pensamento,
Para as cousas inertes e insensiveis,
Para tudo o que é morte e esquecimento!


Nas translucidas bandas do Levante,
Perpendicularmente a Serra desce,
Cortada em rocha viva, onde as Vertigens,
N'uma voz que atormenta e que arrefece,
Gritam o doido canto da Atração
Que nos domina e prende e nos arrasta!
E sentimos a horrivel tentação
Do abysmo em nossos olhos espantados!
N'este logar dramático da Serra
São as Fragas da Ermida que se lançam
Violentamente, a prumo, sobre a terra
Sombria, em bronzea côr, de 'Traz-os-Montes.
Ali fazem as águias o seu ninho
E erguem o vôo faminto e circular,
Os ares agitando em borborinho,
Á procura de prêsa onde elas cravem
As afiadas garras sanguinosas...
Ali, vindas do mar, se refugiam
As nuvens pensativas e chorosas...
São espectros das ondas que morreram,
Trazendo fogo astral, oculto e vivo
Em seus marmoreos seios denegridos...
Ali, o velho Tempo primitivo,
O Silencio das Eras já passadas,
A Solidão primordial do mundo
Vagueiam, ao luar ... são três Phantasmas

Falando com o Vento, n'um profundo