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Dialogo de sombra e de tristeza...


E d'estas grandes fragas que dominam
A terra transmontana, é belo olhar
A paisagem imensa e montanhosa;
Prolongamento extatico do Mar,
Com tôrvos nevoeiros e marés
De vago, impercetivel movimento,
E com ondas tão altas e pesadas,
Que inabalaveis são ao proprio vento!


No meio d'esse mar petrificado
Existe uma onda em flôr d'onde nasceu
A Virgem Mãe do mundo lusitano,
Venus do amôr perfeito, Mãe do Céu!
A Senhora da Noite e da Manhã,
A Madona da Rosa e do Martyrio,
Que n'um gesto de sonho e luz pagã
Surgiu perante a alma de Marános
Ali, n'aquela Serra, á luz da aurora,
Sobre a fraga que guarda o talhe fino
E brando de seus pés... pois se ela já
Trazia no seu ventre o Deus Menino!
Ela era a Virgem Nova, a pura e clara
Estrela d'uma nova Madrugada...
A árvore do novo Fructo, a loira seara
Do novo Pão; a fonte da Agua nova!
Ela era a Virgem Mãe aparecida,
A Virgem Mãe Saudade, onde encarnava
O Verbo Lusitano e toda erguida
Em sua luz, nas fragas caminhava...

Sobre essas fragas rusticas que são