Em sua oculta essencia mysteriosa.
Ouve aquela palavra que é Saudade;
Vê tu como traduz a tua Raça
No que ela tem de funda intimidade
Religiosa, mystica, infinita...
Por isso, em ti, ó poeta lusitano,
Saúdo o novo Verbo e o Povo heroico
Que apoz a descoberta do Oceano,
Em descobertas anda pelo Espaço.
«Mas tu pelo meu nome de Eleonor,
Não saberás quem sou; é necessario
Que interpretes a voz do teu amor,
Pois falará por mim teu coração...
Do que é meu Sêr ao nome que me deram,
Vae a imensa distancia indefinida
Que separa da Vida (vã palavra!)
Em sangue, febre e sonho a propria Vida!...»
E Marános tão palido e confuso
Ouvia... E Eleonor continuou:
(E no calmo silencio e luar difuso
Como um cantico de anjos ondulava)
«Eu sou a eterna Luz que te fecunda,
Meu Creador e Amante! Ó tórva Fonte,
D'onde meu Sêr espiritual dimana,
Como as estrelas nascem do horisonte...
Ó pobre creatura entregue á Sorte;
Humilde espectro humano que a meus pés
Lembras escura sombra mortuaria