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Um contacto de nevoa e de chimera,
Mas tão vivo e subtil que presentiu
Sua perfeita e viva realidade...


E a clara Aparição:


 «Ó Creatura
Mortal e transitoria, eu imagino
Que és um Vulto da noite, uma Figura
Fingida ante os meus olhos... E por isso,
Na minha fronte a fome dos teus labios
Achou sómente a nuvem, a ilusão...»


E Marános, de novo, se encontrou
Com a noite, o luar e a solidão...
Pois aquelas palavras de mysterio
Lhe tornaram chimerica e afastada
A estranha Aparição; mas de repente,
Sua nitida fórma revelada
Desenhou-se na sombra que descia
Das nuvens todas cheias d'um sorriso...
Assim nos foge, ás vezes, a esperança
E subito, regressa de improviso!


E Marános então: «Como te chamas?
Pois nada ha sem nome n'esta vida,
Seja carnal ou bruta creatura,
Seja Espirito ou Sombra aparecida...»


«—Eleonor me chamo, já que o Verbo
Pôz um signal de som em cada cousa;
Signal que é a própria cousa, muitas vezes,