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Dos tôrvos e noturnos nevoeiros,
No céu vibrante de azas e de luz.
E ali perto, uma fonte seu murmurio
De gloria ao Sol bemdito murmurava:
Era a onda de agua clara que a ternura
Em onda de harmonia transformava...
E Marános ouviu subitamente,
Pela primeira vez, a clara fonte,
Como se ela mais viva, de repente,
Se puzesse a cantar em alta voz.
E ancioso, voltou-se para aquela
Doce canção das aguas, quando viu,
A pequena distancia, uma Donzela
Sósinha, apascentando o seu rebanho.
E ao ver-se contemplada, se tornou
Mais timida e inquieta... e um roseo alvor,
Acêso em sua fronte, se casou
Com o sol já mais alto dos seus olhos.


E Marános olhava surprehendido
A Pastorinha mystica e selvatica...
E em torno dela, assim como esquecido,
O rebanho pastava nas encostas.


Era formosa e linda em sua graça
Tangível e corporea; o sangue vivo
Punha um signal de vida e realidade
Em seu rosto perfeito; e um primitivo
Ar inocente e agréste lhe pairava
Na limpidez da fronte; e nos seus olhos,
D'um negro sério e mystico, brilhava

A luz da Edade de Oiro; e sua clara,