Casaes de borboletas amorosas...
E em tão fundo e chimerico alvoroço,
Olhava o mundo e o céu, que dir-se-hia
Que pela vez primeira, deante d'ele,
Surgira a terra, o céu, a luz do dia!
E continuando a andar extasiado,
Em voz alta, sósinho, como quem
Vae doido ou a rezar ou preocupado,
Assim falava á sombra do seu corpo:
«Eu sou filho do Céu e da Paisagem;
Venho da dôr sem fim que os astros choram...
Minha carne, meu sangue e minha imagem
São a terra que eu proprio vou calcando!
São as aguas que eu bebo; são este ar
Onde deito a voar minhas palavras,
E onde elas ficam todas a pairar,
Como nuvem de som beijando a terra!
E é por isso que a amavel solidão
E o silencio dos montes, com amor,
Matam-me a fome de alma e coração
E a sêde que me torna n'um deserto!
Sou o amante dos Ermos; sou aquele
Espirito sósinho que povôa
De mysteriosos Vultos a paisagem...
E de lagrimas tristes enevôa
As estrelas, as arvores e tudo
Onde puzer os olhos taciturnos...
E o que parece tôsco, inerte e mudo,
Ao sentir o seu halito vital,