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E Marános extatico e suspenso:


«Terra bemdita e santa! Terra estranha
Dos tristes pinheiraes e alegres campos,
Ei-la Silencio, Solidão, Montanha!
Ei-la a fronte coroada de relampagos!
Ei-la o ninho das aguias, das procelas,
O retiro somnambulo das nuvens...
Ei-la um altar onde ardem as estrelas!


«Montanha consagrada, eleita e virgem!
Alto Templo de terra, onde o luar
É tão saudoso canto que os penedos
E os lobos ficam tristes, a scismar...
Alta e santa Montanha omnipotente,
D'onde os montes em circulos infindos
Parecem afastar-se vagamente,
E em brumas e distancias apagar-se...
Longes espirituaes! Distancias tristes!
Terra já incorporea e sublimada!
Terra feita de sombras e crepusculos,
Vaga Paisagem mystica e sonhada!


«Ó Montanha n'um extase profundo!
Ermos planaltos contemplando Deus!
Sêrros meditativos, altos pincaros,
N'um grande vôo de terra para os céus!
Surdos desejos intimos, sem nome;
Anciedades do mundo empedernidas!
Phisionomias tragicas de pedra,
Atitudes de Esphinge incomprehendidas!

Vertigem dos abysmos! Precipicios!