VI


MARÁNOS E A SOMBRA DO MARÃO




E a Sombra que tapára, de repente,
A vista de Eleonor e que púzera
Marános em delirio, vagamente,
Se retirou de ali; mas na distancia,
Tornára-se mais alta, mais extensa
E confusa, adquirindo a forma estranha,
Com seus ermos planaltos e ermos píncaros,
Do perfil solitario da Montanha...
Dir-se-hia a propria Serra assemelhando
Rio que sobe em nevoa e no ar deslisa;
Terra vaporisada, mas guardando
A sinuosa linha do seu corpo.
E assim aquela Sombra, á luz do dia,
Era uma projeção espiritual,
Phantastica da Serra que envolvia
Marános e o seu vulto anoitecido...


E ele ia novamente interrogá-la,
Quando a cósmica Sombra assim falou,
N'uma voz que lembrava o mar longinquo
E o sussurro do vento no seu vôo:


«Eu sou aquela Sombra do Marão

Que dentro de ti mesmo se alevanta,