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Voluptuosa e viva...»
 No horisonte,
Vagueavam, como sonhos, brancas nuvens...


E a Donzela, a sorrir, continuou:


«Ha momentos, eu sei, em que as Imagens
São corporeas e lembram alto vôo
Condensado em relevo e forma de asa.
De resto, a vaga imagem transcendente
D'um corpo, é tão real e verdadeira
Como esse mesmo corpo ... E certamente,
Eu, que sou a Donzela que tu amas,
Participo tambem da tua vida.
Não vês o negro virgem d'estes olhos?
Por ele é tua alma escurecida,
Porque ele, sim, faz parte do teu sêr.
Não vês o meu cabelo? Enraizado
Está na tua alma ... E o meu perfil
Foi na tua emoção todo moldado...
Não vês na minha face a rosa viva
Nascida da roseira que em teu sangue
As raizes embebe; e primitiva
Em cheiro e côr, teus olhos enamora?
Tu contemplas meu sêr, e podes vê-lo;
Pertence-te, portanto; mas jamais
O possuirás em corpo e sangue humano,
Em femininas formas animaes!
E todavia, eu sou da tua vida
E do teu coração; sou para ti

O que para esta Serra denegrida,