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Que te contempla, sim! Mas que distancia
Entre as formas inertes da Paisagem
E a sombra espiritual que em nós projecta!
É certo que em meu sêr a encontrarás,
Embora mais remota e transcendente,
Porque se eu vivo d'ela, tambem ela
N'esta Imagem existe ocultamente...
E por isso, me tens ao pé de ti
N'este alto de montanha ... Mas meu corpo
Terreno e material, longe de aqui,
Seu rebanho e tristezas apascenta...
Anda na verde encosta d'esse outeiro,
Onde a primeira vez eu te encontrei;
Anda sósinho e envolto em nevoeiro
De cuidados e scismas ... E á noitinha,
Quando regressa a casa, vae tão triste
Que parece levar dentro do peito,
Tudo o que tem a noite e n'ela existe
De solidão, de sombra e de silencio...
Faz pena vê-lo assim na flôr da edade,
Como tocado já de frio outomno,
Melancolico errar na soledade
D'aqueles pinheiraes que são Tristeza...»


E Marános, surpreso, respondeu:


«Tu gracejas comigo; eu bem te vejo...
Descubro o teu perfil, teus olhos de alma;
Ouvi a tua voz, e dei-te um beijo
N'essa mão que ainda sinto em minhas mãos...
A vida, a graça, a luz que tens na fronte

Não é propria das sombras; é da carne