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tudo quanto aqui digo o cunho da razão scientifica? ¿Não será profundo? Não será, não, mas é humano. ¿ A filosofia é incompativel com o lirismo? ¿O seu dogma é a evolução que se precipita em movimentos bruscos, determinados por uma logica fria e arida? ¡Mas então aí temos a obra d'essa razão a desenrolar-se em ondas de sangue e tirania!

E' que talvez por ter imperado demais a frieza da razão filosofica, fóra da chama fluente e dôce do sentimento, é que o sôpro glacial do egoismo pessimista congela os espiritos e as consciencias.

E' talvez por isso mesmo que, em vez de se ensaiarem os acordes da emoção, que harmonizaria o côro da bondade e da Paz, sôam os clarins sangrentos da guerra que proclamam o triunfo legendario e barbaro da tirania.

E' o lirismo que tem de ser o perfume, a graça, o sorriso da filosofia, para fazer d'ela a luz, o calor que ha-de desabrochar em rosas de amor, no tronco muti- lado da verdade.

Dentro d'estas expressões da alma que ao correr da pena vou transmitindo ao papel, talvez algum espirito de eleição surpreenda essa mesma verdade. Talvez