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Conservam-se tradições seculares que conferem ao marido direitos de senhor. Mas violam-se todos os deveres que são justificação e fundamento dêsses direitos. De forma que as honras de patriarcado, que na própria significação do termo exige virtudes de dignidade integra, respeito pela moralidade própria e doméstica, só existem com capa de realeza que cobre andrajos de corrupção.

Que sucede frequentemente? A prática dos mais degradantes abusos que estão convertendo o ambiente familiar em verdadeiro serralho.

Ouvi ha dias mencionar nada menos de seis casos de relações amorosas de cunhados com cunhadas no próprio domicílio conjugal. Um deles é revoltante. Á esposa, prefere o marido uma irmã desta.

Emquanto a irma, casada tambem, vítima da luxúria e dos instintos voluptuosos que suplantam o coração - se entretem com o cunhado, a irmã é encerrada violentamente num quarto e castigada com pancadas, se se queixa. Como é branda e teme escândalos, ou receia ficar sem recursos, remorde em silêncio todo este revoltante esmagamento dos seus direitos morais. Que filhos saem dêsta mãe? Num estado de depressão horrível, só gera abortos stigmatisados de neuroses. O pai, lúbricamente exaltado, imprimirá a cada filho o seu estado degenerado. E além de tais condições, o caso atinge o rubro da imoralidade porque os amantes praticam scenas indecorosas, sem precauções, dando aos filhitos dêste esposo e pai modêlo exemplos aviltantes.

Estes casos são hoje lugar comum na sociedade de lama em que vivemos. No capítulo de serviçais, é um horror. É frequente o homem que exerce a poligamia com as creadas, com as empregadas ao seu serviço, tanto casadas como solteiras. Daqui se geram os infanticidios. Depois veem então esses chefes de familia honestos reclamar honra, blasfemar