vertem. E naquele instante de eloquente enternecimento senti mais intensamente a dôr das almas feridas que trouxera até junto do meu calvário a cruz de outros calvários de agonias a referver em cachoeiras de amôr e ódio de cólera e vingança.
E á minha imaginação cogitadora apareciam as linhas que em fórma de cruz estabelecem os polos das sensações e dos sentimentos tam sábiamente descritos por Mantegazza na «Fisiologia do ódio»:
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« O amor é a transformação psíquica do prazer, e o ódio a resposta física da dôr, diz o célebre psicólogo.
E ódio e amor, embora opostos, teem a mesma marcha, seguem as mesmas leis de expansão, de simpatia e de evolução histórica. »
E mais adiante diz o revolvedor da alma humana:
« Aos ardentes desejos, correspondem grandes amores; e dôres enormes despertam gigantescos ódios ».
Eis aqui a chave do contraste e do mistério que põe tão frisante diferença entre o homem que com a capa exterior do indiferentismo e da, secura amára sempre, afinal, lá no fundo sensível da alma, a mulher que escolhera para companheira. Mas sacudida essa alma por uma afronta que é uma dor profunda, do amor nasce o ódio gigantesco que o leva a exercer violências impetuosas.
« Assim como temos emoções mixtas de prazer e de dôr