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(desejo e melancolia) assim temos amores repassados de ódio», diz ainda Mantegazza.

As scenas passadas de «Roção ao Tribunal» — traduzem uma forma de ódio amoroso.

Se o poeta produzisse versos nessa fase de ódio que se desencadeia em vingança, teria blasfemado, teria amaldiçoado. Mas essa manifestação está na ordem das sensações exteriores. O fundo, a essência, a alma verdadeira do homem, é a alma verdadeira do poeta. Foi essa alma em crise de extase e mistica sensibilidade que se inspirou no silêncio e na penumbra sonhadora da nave, para ritmar o mais formoso soneto dos « Versos ». É essa alma que, redimida das fugaces impressões do ódio, porá em relêvo toda a refulgência plena da bondade imitando o divino Mestre de quem disse:

 

Jesus perdoou, porque eram feitos
De perdão e de amor os seus preceitos.
E Ela só por amor peodra tanto!»

 
 
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Rezai comigo esta oração de amor e perdão, ó almas que no amor cultivais a redenção de todos os ódios.

Chorai comigo olhos que sabeis chorar, para desfiarmos um rosário de lágrimas sôbre a alma dorida do Poeta que comnosco chorará para acabar perdoando.

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Disse Taine que a ternura, a expansão e as lágrimas são o que de mais nobre e dôce existe na vida.