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As queixas que da parte de V. Ex. formam a base dêste pleito, são afinal, no fundo, uma fermentação de orgulhos. E pela mesma razão que esses orgulhos medram e alastram nos dominios da vida domestica é que a maioria dos homens está ao lado de V. Ex.a.

Ha um delito? Mas esse delito é de responsabilidade comum, como se vai provar.

As causas são culpas de que em parte é responsável a parte queixosa.

Disse um celebre filósofo que nos delitos de uma mulher, ha sempre os crimes de um homem. O adultério é da parte femenina quasi sempre a consequência da poligamia ancestral agravada pelos erros da educação e pela falsa adulação dos homens, que incutem vaidade, coqueterie e futilidade no animo fraco das mulheres. Mas neste caso ha outras razões que saem dos casos banais.

Em todas elas realça um choque de contrastes que põe em fóco a transição do egoismo para o altruismo.

E é evidente que sob a influência de egoismos, manifestados por formas diversas, se praticou uma deshumanidade internando numa horrível reclusão de alienados uma mulher em estado de provada lucidez, e pelo menos tão lucida como muitos clínicos que exercem a sua profissão, com competencia, sendo atacados de sintomas nevroticos que proveem da neurose geral.