Na alma de um pastor póde haver a alma irmã da de uma rainha. E um rei, recamado de honras e pedrarias, pode ser junto dela a algôz do seu destino. O humilde de hoje, pode ser o grande de ámanhã. Fa moral, en nome da qual se condena e se martirisa, não é afinal mais do que uma falsa teia de preconceitos, de mentiras e prejuizos.
Ha só uma moral verdadeira, é a da bondade, medianeira da justiça e da harmonia nos lares junto de esposas e filhos que vivem sacrificados, perpétuando assim a degenerescência das gerações, que é imoral.
Emquanto essa moral pura e ressurgidora não triunfar da imoralidade do egoismo que impera, raros são os homens que teem o direito de condenar a imoralidade dos crimes passionais que a sua psico-neurose-meio-ambiente, alimenta e cultiva a toda a hora.
No entretanto continuo mantendo a mesma estima e espiritual simpatia pelo adversário das minhas teorias, dono de um formoso coração e de um nobre semblante de idealista, apenas atraiçoado pela vibração de nervos doentes e pelas iras que são a bilis contagiosa do epidémico egoismo a que pode chamar-se a árvore de Mal plantada pelo Deus Arhiman, simbolo dêsse mal, em cada lar onde a felicidade e a harmonia sossobram desmoralisando a virtude.
A que fulminação de criticas se sujeitam portanto as razões aqui expostas!
Vão reviver as leis dos brahmanes que impunham á mulher viuva a pena de ser queimada viva com o cadáver do marido. Exalçar-se-ha o direito bárbaro que permitia atirar o corpo da adúltera ás águas eléctricas do Ganges, ou expô-lo nú nas praças públicas ás vaias e chicotadas da multidão.