São de dôres, de felenias e Migrimas os alicerces. E em todo o alicerce mal cimentado, é infalivel a demolição do destino.
O Manuel estremece a sua mãe e é por ela estremecido. O coração de uma mãe é um sacrário de virtude e um poema de abnegação. E não ha melhor juiz, melhor advogado, melhor confidente, para julgar todos os actos de um filho dilecto. Imagine-se junto dêsse coração que pulsa no peito amante onde o seu coração se formou. Cinja em espirito o seio terno que destilou o leite da vida e do amôr nos seus rosados lábios de infante. Beije com unção aquelas mãos amorosas e solícitas que lhe ampararam os primeiros passos vacilantes. E com os olhos de alma fitos nos seus olhos lacrimosos e atlitos, que tanta lágrima tem feito chorar uma paixão ardente, diga-lhe contrito:
« Mãe! Puz muito alto os sonhos do meu coração. Deu-lhe o amôr, gerado num nobre impulso e bafejado de nobres compadecimentos, tamanhas e radiosas azas de esperanças, que, endoidecido e apartado de temores, subiu alto num céu de enebriamentos, para mergulhar em oceano revolto de fundas e amargas desditas. Mas para que o meu coração amasse, outros corações sofreram. Foi usurpador de outros afectos o amôr em que se abrazaram dois trageis corações, olvidados de deveres e de conveniências e perdidamente atraidos pela bondade.
Este amôr, roubou ao coração de uma mãe, o coração de um filho que, amando-a e respeitando-a, acabará por detestá-la, por olvidá-la e renegá-la. Poderão ser ditosos os amores e a vida que são ladrões de outros amores, e assentam a sua felicidade e a sua alegria na infelicidade e na mágua de outras vidas? Será digno do amor de uma mãe o filho que separou de uma mãe outro filho? Merecerá a consideração do mundo, e terá direito aos benefícios da