e, emquanto Mariana conseguia agarrar-se ao outro com unhas e dentes, Claudina, menos enérgica e desembaraçada, era projectada a distância e, caíndo, abria a cabeça numa pedra.
A criada correu a erguê-la aflitíssima e, á vista do sangue que lhe corria da ferida, ela e Ernestina fizeram tal espalhafato, que Claudina quasi desmaiou de terror. Mariana deixou-se escorregar ao longo da corda e, chegando ao chão, molhou o lenço na fonte e disse á prima que a criada amparava:
― Isso dóe, mas não vale nada. Deixa lavar.
Como não sabiam melhor, a ferida foi lavada, e depois puzeram o lenço de Ernestina, que felizmente ainda não servira, a fazer de parche e ataram-lho sô- bre a ferida com a fita de setim branco com que Ma- riana prendia a trança. Terminado o curativo, Her- mínia disse a Mariana com modo desabrido:
― Ora veja agora se tem juizo e se não vem com mais alguma idea que nos dê triste resultado. Bem basta o que eu vou ouvir ralhar por causa de isto.
― Não te amofines, disse-lhe Marianinha com um sorriso amarelo, a culpa não foi tua.
― Isso não impede que eu oiça ralhar.
Mariana curvou-se de novo sôbre a bica e bebeu mais agua. Quando terminou, disse:
― Os tremoços fizeram-me sêde. Não ha água que me farte.
― ¿Eu não to dizia? observou-lhe Ernestina, não sem certa satisfação.