Para lêr nas férias
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estupidez de largarem o carro, por um triz que me não partiram a perna!

Claudina retorquiu sem dó:

― É bem feito: tu só é que és marquês... quiz trocar comtigo, não quizeste... Os outros só te servem para cavalos e trintanários...

E tudo isto era dito com grande verbosidade e com os olhos inundados de lágrimas prestes a soltarem-se-lhe pelas faces.

Então Mariana, apesar das dôres que sentia, desatou a rir:

― ¿Então eu é que caio e tu é que choras?

E mostrando-lhes a perna ensanguentada e o braço todo pisado, afirmou-lhes:

― Vêem vocês os contras de ser marquês da Pena de Oiro? Por um triz me não fizeram em fanicos! Vá, façam uma padiola, ou melhor, uma cadeirinha com as mãos para levarem o pobre marquês a lavar a sua ferida na fonte.

As primas, condoídas, acederam e trouxeram-na de cadeirinha para cima.

Hermínia, muito contrariada, lavou-lhe e cuidou-lhe a perna, e todos verificaram com mágua que a travessa Marianinha não podia andar sem um grande esforço.

Bebeu mais água e afirmou de novo:

―¡Que sêde! Julgo que nem bebendo toda a água da fonte ficaria satisfeita!

― Não estará bem do estómago, aventou a criada.

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