MEMORIAS DE UM NEGRO
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os principios. Se nos rebaixassemos, perderiamos a confiança e o respeito dos brancos.

E’ na verdade bem extranho que um Estado conceda o direito de voto ao branco ignorante e indigente e negue esse direito ao negro que está nas mesmas condições. Semelhante lei é injusta e, como todas as coisas injustas, perigosa. Incita o negro a instruir-se e enriquecer e faz que o branco se deixe ficar na ignorancia e na pobreza.

Com a educação do povo e approximação das raças, as fraudes eleitoraes cessarão. Veremos que o sujeito que rouba a cedula de voto dum negro pode tambem roubar a dum branco e, de patifaria em patifaria, acaba enganchando-se num delicto grave. O Sul chamará todos os cidadãos ás urnas. E terá uma vida sã e vigorosa, muito differente da estagnação que se produz quando metade da população não toma interesse pela coisa publica.

Sou partidario do suffragio universal. Temos, porém, aqui no Sul condições particulares. Pelo menos por emquanto, em muitos Estados, deveria permittir-se o voto aos individuos que possuissem alguma instrucção e alguma riqueza. Individuos pertencentes ás duas raças, é claro.