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BOOKER T. WASHINGTON

ao negro. Realmente ha signaes de que isso começou a manifestar-se. Permittam-me um exemplo. Imaginemos que, mezes antes da Exposição de Atlanta, tivesse havido fóra do Sul uma campanha, nos jornaes e na tribuna, para que um negro figurasse no programma da sessão inaugural. Pensam que se realizaria essa homenagem á raça? Creio que não se realizaria. Os homens da Exposição de Atlanta procederam daquelle modo porque tiveram satisfação em recompensar o que presumiam ser o merito da raça negra.

A minha opinião (e a maioria dos negros concorda commigo) é que devemos ser modestos nas aspirações politicas e contar com o effeito lento, mas seguro, da riqueza, da intelligencia e do caracter. A acquisição dos direitos politicos virá pouco a pouco, não será negocio dum dia. Certamente o negro precisa votar, pois não se habituaria sem voto á pratica dos deveres civicos, da mesma forma que uma criança não aprenderia a nadar fóra da agua. Mas julgo que, votando, elle deveria submetter-se á influencia dos homens superiores que o cercam. Conheço negros que, acceitando os conselhos de brancos, arranjaram fazenda no valor de milhares de dollars. Esses mesmos negros não recorreriam aos brancos amigos em materia de eleição. Isto me parece desarrazoado. Falando assim, não pretendo que nos humilhemos, abandonemos