já lhe tinha a comadre arranjado de um modo diverso os bentinhos no peito, já tinha inclinado mais sobre a cama a palma benta, e ainda nada de novo. O Leonardo-Pataca começava a impacientar-se; de vez em quando chegava à porta do quarto, e perguntava com voz esmorecida:
— Então?...
— Compadre, respondia a comadre, já lhe disse que não é bom a quem está neste estado estar ouvindo voz de homem: esteja calado e espere lá.
Continuava o tempo a passar: a comadre saiu do quarto e veio acender uma nova vela benta a Nossa Senhora, e depois de uma breve oração voltou ao seu posto. Tirou então do bolso da saia uma fita azul comprida e passou-a em roda da cintura da Chiquinha; era uma medida de Nossa Senhora do Parto. Depois disse com ar de triunfo:
— Ora agora vamos a ver, porque isto já não vai do meu agrado... Mas a culpa também é sua, menina, já lhe disse que é preciso ajudar a natureza.
Passou-se ainda algum tempo. De repente a comadre gritou para fora:
— Ó compadre, dê cá lá uma garrafa...
O Leonardo-Pataca obedeceu prontamente. Ouviu-se então dentro do quarto o som que produziria uma boca humana a soprar com toda a força dentro de alguma coisa. Era Chiquinha que por ordem da comadre soprava a morrer de cansaço dentro da garrafa que esta mandara vir.
— Com força, menina, com bem força, e Nossa Senhora não desampara os fiéis. Animo, ânimo; isto o mais que sucede é uma vez por ano. Desde que nossa mãe Eva comeu aquela maldita fruta ficamos