nós sujeitas a isto. "Eu multiplicarei os trabalhos de teu parto." São palavras de Jesus Cristo!
Já se vê que a comadre era forte em história sagrada.
Ao Leonardo-Pataca tremiam-lhe cá fora tanto as pernas, que não pudera mais continuar no passeio, e achava-se sentado a um canto com os dedos nos ouvidos.
— Soprai, menina, continuava sempre dentro a comadre, soprai com Nossa Senhora, soprai com S. João Batista, soprai com os Apóstolos Pedro e Paulo, soprai com os Anjos e Serafins da Corte Celeste, com todos os Santos do paraíso, soprai com o Padre, com o Filho e com o Espírito Santo.
Houve finalmente um instante de silêncio, que foi interrompido pelo choro de uma criança.
— Ora lá vai o mau tempo, exclamou a comadre; bem dizia eu que isto não era mais do que um pau por um olho... Ah! Sr. compadre, chegue, que é agora a sua vez, venha ver a sua pecurrucha...
— É uma pecurrucha!... exclamou o Leonardo-Pataca fora de si; ora isto é de bom agouro, porque com o outro que saiu macho não fui feliz.
Recendeu então pela casa um agradável cheiro de alfazema; a comadre veio à sala, apagou as velas que estavam acesas a Nossa Senhora; foi depois desatar a fita da cintura da Chiquinha e tirar-lhe do pescoço os bentinhos.
A recém-nascida, enfraldada, encueirada, encinteirada, entoucada e com um molho de figas e meias-luas, signos de Salomão e outros preservativos de maus-olhados presos ao cinteiro, passava das mãos de Chiquinha para as do Leonardo-Pataca, que não cabia em si de contentamento; era uma formosa