um dos mais procurados; nesse tempo exigia-se antes de tudo essa qualidade. Tinha também outro mérito: corria a seu respeito a fama de bom arranjador de casamentos.
Eis aí o procurador de José Manuel.
José Manuel já antes o tinha posto de mão, e agora que se viu em perigo recorreu a ele; expôs-lhe o caso, comunicou-lhe suas intenções, e pediu-lhe a sua cooperação. Fez-lhe sentir sobretudo que havia um rival a combater, e muito temível, pois que não era conhecido. O velho começou então a tomar as mais minuciosas informações, e depois de calcular por algum tempo disse:
— Já sei com quem me tenho que haver...
— Então com quem é?... acudiu José Manuel apressado.
— Vá descansado, não se importe com o resto.
— Mas, homem, olhe que é preciso muito cuidado; porque, quem quer que é, é fino como os trezentos...
— Ora qual... histórias... desses arranjos entendo eu dormindo, e vejo nisso, sendo cego, melhor do que muitos com seus olhos perfeitos.
— É uma coisa que me põe à roda o miolo não poder descobrir quem se intromete nos meus negócios... olhe que a tal entrega do furto da moça foi de mestre.
— Eu também sou mestre, e veremos quem ensina melhor.
Ficaram os dois nisto; e o cego pôs mãos à obra.
Devemos prevenir o leitor que a causa em semelhantes mãos, se não se podia dizer decididamente ganha, pelo menos ficava arriscada; e o que vale é que do outro lado estava a comadre.