a vida de um homem. A comadre quando ouviu falar em pílulas franziu a testa.
— Pírolas, disse consigo; então o negócio é sério; e eu, que tenho má fé com pírolas; ainda não vi uma só pessoa que as tomasse que escapasse.
E avermelharam-se-lhe imediatamente os olhos.
O boticário retirou-se levando consigo o Leonardo, que trouxe as pílulas. A comadre, olhando para elas, abanou a cabeça.
— Ora, disse, eu pensei que ele lhe mandasse dar alguns banhos; cá por mim com alecrim havia de pô-lo bom.
A comadre tinha razão até certo ponto, pois que no fim de três dias, depois de feitos todos os preparos religiosos, o compadre deu a alma a Deus.
D. Maria tinha sido chamada nesse mesmo dia, e compareceu com Luisinha e com todo o seu batalhão de crias; tinham vindo também algumas outras pessoas da vizinhança.
Estavam todos sentados em um grande canapé, na varanda, e conversavam muito entretidos sobre os objetos mais diversos; algumas achavam mesmo na conversação motivo para boas risadas; de repente abriu-se a porta do quarto, e a comadre saiu de dentro com o lenço nos olhos, soluçando desabridamente e repetindo em altos gritos:
— Bem dizia eu que tinha pouca fé nas pírolas; está para ser o primeiro que eu as veja tomar e que escape... Coitado do compadre... tão boa criatura... nunca me constou que fizesse mal a ninguém...
Estas palavras da comadre foram o sinal de rebate dado à dor dos que se achavam presentes; desatou tudo a chorar, e cada qual o mais alto que podia. O Leonardo sofreu um grande choque, e no meio do seu