atordoamento encolheu-se em cima do canapé com a cabeça sobre os joelhos, chegando-se, naturalmente sem o querer, porque a dor o perturbava, o mais perto possível de Luisinha. Continuaram os mais no seu coro de pranto dirigidos pela comadre; mas não se contentavam só com o pranto, soltavam também algumas vezes exclamações em honra do defunto.
— Sempre foi muito bom vizinho, nunca tive escandalos dele, dizia uma.
Era a vizinha que augurava mau fim ao Leonardo, e com quem o compadre brigara por este motivo umas poucas de vezes.
— Boa alma, dizia D. Maria, boa alma; havia de ser como ele quem quisesse ter boa alma.
— Eu que lidei com ele, dizia a comadre, é que sei o que ele valia; era uma alma de santo num corpo de pecador.
— Bom amigo...
— E muito temente a Deus...
Prolongada esta cena por algum tempo, despediram-se algumas pessoas, outras ficaram ainda. Foi serenando o pranto, e daí a pouco D. Maria, enxugando ainda os olhos, explicava detalhadamente a uma outra senhora que se achava junto dela a história genealógica de cada uma de suas crias que se achavam presentes.
Finalmente retiraram-se todos, exceto D. Maria, a sua gente e a comadre, que estava desde que o compadre adoecera tomando conta da casa.
Aproximou-se a noite; acenderam-se velas junto do defunto; fizeram-se todos os mais arranjos do costume.
D. Maria e a comadre começaram