em flagrante gozo de uma primícia amorosa, um abraço que no quintal trocava ele com Vidinha.

— Aí está, minha tia, dissera enfurecido o rapaz dirigindo-se à mãe de Vidinha; ai está o lucro que se tira de meter-se para dentro de casa um par de pernas que não pertence à família...

— Onde é, onde é que está pegando fogo? disse a velha em tom de escárnio, supondo ser alguma asneira do rapaz, que era em tudo muito exagerado.

— Fogo, replicou este; se ali pegar fogo não haverá água que o apague... e olhe o que lhe digo, se não está pegando fogo... está-se ajuntando lenha para isso.

Vidinha, que vinha chegando nessa ocasião, tomou a palavra e falou durante meia hora sem interrupção, soltando contra os dois primos (pois que o outro já tinha também intervindo) uma tremenda catilinária em que a palavra-qual-foi repetida enorme número de vezes. Leonardo teve também de defender-se, e falou pelos cotovelos. As duas velhas acompanharam aos quatro seguidas das outras duas moças, que metiam também de vez em quando a sua colherada.

Seria inútil a tentativa de querermos repetir as palavras textuais de cada um dos faladores; isso seria coisa pouco mais ou menos semelhante a querer contar-se numa tempestade os pingos de chuva que caem. Só quem já teve ocasião de assistir pode bem avaliar o que era e talvez ainda é uma dessas brigas no interior de uma família. Todos falam a um tempo, esforçando-se cada um por falar mais alto do que todos os outros; ninguém parece atender às desculpas que se apresentam, nem às recriminações que se fazem, e entretanto de minuto