Quando Vidinha chegou à casa achou ainda toda a família no maior susto e confusão pelo desatino que ela acabava de praticar: as duas velhas, ao vê-la entrar, lançaram-se-lhe ao pescoço, e cobriram-na de abraços, de beijos e de lágrimas. Ela estava ainda porém sob a influência das emoções violentas por que acabava de passar, e não pôde corresponder àquelas provas de amizade; atirou-se sobre uma banquinha, e levou algum tempo calada, sem dar a menor resposta às mil perguntas que lhe eram dirigidas. Esse silêncio mais aumentava a ansiedade da família: finalmente resolveu-se ela a rompê-lo, exclamando:

— Pensavam que o caso havia de ficar assim? enganaram-se... Qual!... eu quero que fiquem sabendo para quanto presto...

— Então, rapariga, foste fazer alguma asneira...

— Asneira... qual... fiz o que faz qualquer mulher que tem sangue na guelra... E agora venha ele para cá, que temos ainda contas a ajustar...