poderá haver um dia mais completo de romance? – de Straford-on-Avon, atravessando Warwick, a Kenilworth. Passei dias à margem do Tâmisa, entre Windsor e Henley, e creio que tive reminiscências do paraíso terrestre. É realmente a vinheta mais perfeita que se podia imprimir à margem do capítulo II, v. 10 do Gênese: “Deste lugar de delícias saía um rio que regava o paraíso”. Em toda parte a impressão que tive da Inglaterra foi a mesma: ruínas cobertas de hera, antigas gravuras expostas em Pall Mall, montes de trigo nos campos ceifados, castelos recortados no meio de parques florestais, velhas estalagens à beira da estrada, botes encostados ao arvoredo de Cliveden, grandes transatlânticos nas docas de Southampton, sempre a mesma impressão, o cunho inglês estampado em tudo. A sensação foi a mesma para mim da Inglaterra, vista de dentro, na segurança de seus recursos, e vista de fora, inatacável nos seus altos cliffs brancos, a cujos pés o mar se abre como uma trincheira.

É, porém, na sua feição política somente que considero neste momento o espírito inglês, e, ainda mais restritamente, o modo por que ele se manifesta nos movimentos reformistas, a influência que tem sobre os espíritos inovadores. Politicamente, o espírito inglês pode decompor-se em espírito de tradição, em espírito de realidade, em espírito