sociedade, não lavar as mãos como Pilatos das injustiças da multidão, não preferir o fraco para sobre ele descarregar o golpe, em uma palavra, o flair-play. O patriotismo manda não consentir que o espírito de partido suplante o de responsabilidade para com o país. O que, entretanto, na Inglaterra alimenta, renova e purifica o patriotismo, é outra espécie de responsabilidade: a do homem para com Deus. Só quando o orgulho britânico e a consciência cristã estremecem juntos e se unem em uma mesma causa, é que o sentimento inglês desenvolve a sua energia máxima. A inspiração da vida pública na Inglaterra vem em grande parte da Bíblia. A política e a religião sentem que terão sempre muito que fazer em comum, que uma e outra têm o mesmo objetivo prático – elevar a condição moral do homem, e o efeito desse último e, talvez principal elemento do espírito inglês, em relação às reformas, é fazer o argumento moral prevalecer sobre o argumento utilitário.

Tomando-se o espírito inglês, como acabo de delinear, que é que ele inspirará na Inglaterra a republicanos de ideal, que se subordinem, entretanto, como indivíduos, à consciência coletiva, ao instinto nacional ? Há uma página interessante em On Compromise, livro típico de casuística intelectual inglesa, escrito por John Morley. Essa página é a melhor ilustração do que eu disse antes sobre o republicanismo que pode