era demitido, perdia o pão da família; tinha recebido a “chapa de caixão”(uma cédula marcada com um segundo nome, que servia de sinal), e se ela não aparecesse na urna, sua sorte estava liquidada no mesmo instante. “Olhe, sr. doutor”, disse-me ele, mostrando-me quatro pequenos, que me olhavam com indiferença, na mais perfeita inconsciência de que se tratava deles mesmos, de quem no dia seguinte lhes daria de comer... E depois, voltando-se para uma criancinha, deitada sobre os buracos de um antigo canapé desmantelado: “Ainda em cima, minha mulher há dois meses achou essa criança diante da nossa porta, quase morrendo de fome, roída pelas formigas, e hoje é mais um filho que temos!” “No entanto, estou pronto a votar pelo senhor – recomeçava ele, cedendo à sua tentação liberal – se o senhor me trouxer um pedido do brigadeiro Floriano Peixoto.” Esse foi talvez o primeiro “florianista” do país... “Pode vir por telegrama... Ele está no engenho, nas Alagoas... E o que ele me pedir, custe o que custar, eu não deixo de fazer... Telegrafe a ele...” “Não, não é preciso – respondi-lhe – vote como quer o governo, não deixe de levar a sua ‘chapa de caixão’... não arrisque à fome toda essa gentinha que está me olhando... Há de vir tempo em que o senhor poderá votar por mim livremente; até lá, é como se o tivesse feito... Não devo dar-lhe um pretexto para fazer o que quer,