invocando a intervenção do seu protetor...” E saí, instando com a mulher, suplicando, com medo que ele se arrependesse e fosse votar em mim.
Em outras coisas o chefe da família estava sem emprego havia anos por causa de um voto dado ao partido da oposição; a pobreza era completa, quase a miséria, mas todos ali tinham o orgulho de sofrer por sua lealdade ao partido... E como entre os liberais, entre os conservadores. Eram coerentes na miséria, na privação de tudo... Esse espetáculo seria decerto animador no mais alto grau para o otimista desinteressado; este julgaria ter descoberto o refúgio da verdadeira natureza humana escondida; para o candidato, porém, de cuja causa se tratava, era terrivelmente pungente surpreender assim a agonia da dignidade... Posso dizer, quanto a mim, eu não teria ousado ser mais um dia pretendente a um posto que custava tanto sofrimento, se não fosse para servir a causa de outros ainda mais infelizes do que essas vítimas da altivez do pobre, da paixão e ilusão política do povo. Hoje, quem sabe, eu não teria talvez em nenhum caso a força, a coragem de insinuar aos bons, aos crédulos, aos ingênuos, sacrifícios pessoais dessa ordem em favor de uma causa que não fosse diretamente deles. Faria com todos o que fiz com o bom Jararaca: aconselharia que não sacrificassem os seus... Mas a luta pela justiça é isso mesmo, é o sacrifício de gerações inteiras